O CINEMA PORTUGUÊS DO INDIELISBOA

22/04/2016
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O IndieLisboa está de volta e apresentamos tudo o que precisa de saber sobre os 40 filmes portugueses que passam no festival.

2016 começou da melhor forma para o cinema português, com uma forte presença no Festival de Berlim, que culminou com a atribuição de um Urso de Ouro a Balada de um Batráquio de Leonor Teles. O IndieLisboa quer prolongar esta boa fase e este ano reservou grande parte da programação ao Cinema Nacional: um total de 40 filmes portugueses, a sua maioria com estreia mundial. 

 

COMPETIÇÃO NACIONAL

Longas Metragens

São 4 as longas metragens portuguesas em competição:

Estive em Lisboa e Lembrei de Você de José Barahona, produção David&Golias, recria a história de um emigrante que troca Minas Gerais por Lisboa.

O Lugar Que Ocupas
de Pedro Filipe Marques com produção de Três Vinténs, é uma reflexão em registo ensaístico sobre espelhos, representar, teatro e a vida que os infiltra. Uma reflexão sobre o trabalho de ator.

Paul
de Marcelo Feli, produzido pela C.R.I.M. Produções, explora engenhosamente as fronteiras entre criação e objecto através de uma "legendadora” de filmes que mergulha na obra que tem em mãos, levando-a a criar um filme dentro de um filme, ao ponto de nos deixar a dúvida de quem está efetivamente a criá-lo

Treblinka
de Sérgio Tréfaut com produção da FAUX, é uma viagem guiada por Isabel Ruth à memória do holocausto, pelos caminhos férreos que ligam hoje Polónia, Rússia e Ucrânia.






Curtas Metragens

O IndieLisboa conta com 17 curtas—metragens portuguesas em competição:


A Guest + A Host = A Ghost
de Jorge Jácome, produzido por Le Fresnoy, mostra um jogo de palavras  a continuar numa associação livre em equações visuais até chegar à solução.

Ascensão
de Pedro Peralta, produzido pela Terratreme Filmes, acontece numa sequência de 3 planos combinada com a transformação mortificada da sua narrativa: o cinema como matéria de milagres.

Balada de um Batráquio
de Leonor Teles, produzido por Uma Pedra no Sapato, e em destaque no Festival de Berlim, aparece-nos como um gesto que é tão pessoal como ativista, a desfazer preconceitos sobre a comunidade cigana.

Cabeça d’Asno
de Pedro Bastos, produzido por Bando à Parte, é uma experiência sensorial em diferentes suportes cinematográficos, entre o diário filmado e o ensaio sobre a natureza das imagens.

Campo de Víboras
de Cristèle Alves Meira, produzido pela Ukbar Filmes e filmado em Trás-os-Montes, e mostra-nos uma história de mistério e más línguas durante as Festividades dos Caretos;

Chatear-me-ia Morrer Tão Joveeeeem…
de Filipe Abranches, produzido por Animais Avpl e Nuno Amorim, retrata a vida nas trincheiras durante a primeira grande guerra, a partir da lama, gases tóxicos, do sangue e das águas estagnadas.



O Desvio de Metternich de Tiago Melo Bento, produzido por Corredor Associação Cultural, é um filme que nos mostra Leopoldina de Hasburgo a viajar ao encontro de D.Pedro I (do Brasil), para dar de caras com um paraíso no meio do Atlântico, O Desvio de Metternich.


Heroísmo de Helena Estrela Vasconcelos, com produção da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, mostra-nos um rapaz a viver às escondidas num centro comercial abandonado, numa desolação preenchida pela visita de uma rapariga.

The Hunchback
de Gabriel Abrantes e Ben Rivers, coproduzido por A Mutual Respect e Galeria Zé dos Bois, e baseado num conto de As Mil e uma Noites, The Hunchback, a acompanhar um programa de reintegração emocional simulando outras épocas e outros géneros cinematográficos.

Live Tropical Fish
, produzido e realizado por Takashi Sugimoto que se estreia na realização com este filme feito de longos planos fixos sublimes, a preto e branco.





Macabre
de Jerónimo Rocha e João Miguel Real, produzido por Take It Easy Produções , conta-nos a história de um homem depois de um acidente de carro num bosque, que o leva a uma casa muito sombria. O filme é construído a partir de um compêndio de situações do cinema gótico.

Menina
de Simão Cayatte, produzido por BRO Cinema, é passado durante o Estado Novo e mostra-nos uma "rapariga ideal” a começar a suspeitar dos atrasos do marido. O filme é um elegante exercício de reconstituição e mine-en-scène.

Rochas e Minerais
, realizado e produzido por Miguel Tavares, mostra-nos um hotel carregado de memórias de infância, num ambiente de verão recheado de banhos de sol e silêncios.




Sem Armas de Tomás Paula Marques e produzido por Miramar Filmes, é passado num prédio em ruínas onde se juntam uns rapazes cuja amizade é o elo mais fraco quando se fica sem armas.

O Sul
de Afonso Mota, produzido pela Germinal, é um conjunto de memórias de uma viagem à América do Sul recompostas em cartas, fotografias e videos que são uma janela para o passado.

Transmission from the Liberated Zones
de Filipa César, produzido por Bright Dot P.C., passado nos anos 70 onde um grupo sueco visita regiões já livres do colonialismo português, com o filme a recuperas as suas imagens e testemunhos num exercício performativo que as situa no presente.

Viktoria
de Mónica Lima, produzido por Deutsche Film- und Fernsehakademie, é um filme onde vemos Viktoria, uma campeã de corrida em cadeira de rodas  que descobre um novo andar. um filme a retratar aquilo que escondemos dos outros e de nós.




IndieJúnior

Esta é uma secção dedicada aos mais novos e contribui para a sua formação estético-cultural, e para além dacexibição de vários filmes conta ainda com atividades para miúdos e graúdos. Aqui temos 3 filmes portugueses.

Dona Fúnfia – Volta a Portugal em Bicicleta
, de Margarida Madeira e produção de Pickle Films mostra-nos uma Dona Fúria determinada, a vestir um par de calças e a lançar-se num passeio por Portugal.

Os
Putos da Estrela realizado e produzido por Carolina Caramujo Machado dá-nos respostas às perguntas feitas a crianças sobre o que querem ser quando crescerem e aquilo que querem ver num filme.





Tempo para Pensar
, feito pelos alunos do 6º ano do Colégio Padre Arrupe que também produziu, a mostrar-nos um Rei sempre com pressa mas que começa a dar valor às pausas.




Novíssimos

Conjunto de filmes de jovens cineastas a dar os primeiros passos. Uns a realizar o filme em contexto escolar, outros mais destemidos ao ponto de realizar sozinhos a sua primeira obra. Aqui temos 8 filmes portugueses.

A Minha Juventude
, de Rita Quelhas e produzido pela Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC) mostra-nos uma casa sombria e cheia de testemunhos do passado, três gerações presentes e uma promessa.

Hora di Bai
de Bruno Leal e produção de ESTC, apresenta-nos a uma expressão que se refere ao "evasionismo” do povo de Cabo Verde, com o filme a mostrar a iminência da destruição do Bairro 6 de Maio e dos laços entre quem lá vive.

Jean-Claude
realizado e produzido por Jorge Vaz Gomes é uma investigação sobre uma família nos dias que antecederam a Segunda Grande Guerra a partir de placas fotográficas dos anos 30.

Maxamba
com realização e produção de Sofia Borges e Suzanne Barnard, foca-se num casal de alfaiates de origem indiana que vêm de Moçambique, depois de terem visto o seu bairro destruído. Um arquivo da memória de quem lá vivia.

Não-Tempo
, realizado e produzido por Francisco Duarte, explora os intervalos a que se permanece confinados nos "não-lugares”, através de imagens captadas em transportes públicos.





Prefiro Não Dizer
de Pedro Augusto Almeida e produção de Riot Filmes onde vemos uma entrevista de trabalho, dois amigos, favores, futebol, cigarros, segredos e mentiras.

Borda d’Água
de João Viegas e Miguel Canaverde, produzido pelo Instituto Politécnico de Tomar passa-se junto ao Tejo, à borda d’água, numa aldeia que ainda preserva a mestria da pesca à lampreia e ao sável no corpo de um casal idoso, onde tudo o que tem um principio tem um fim.

Vigília
, realizado e produzido por Ana Mariz faz-nos acompanhar uma seminarista timorense entre a comunhão religiosa e o isolamento da língua e da cultura.




Sessões Especiais

Estas sessões incluem a programação de 5 filmes portugueses, entre eles a estreia de O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu e A Vossa Terra:

A Vossa Terra
de João Mário Grilo e coproduzido por Costa do Castelo e Cinemate, mostra-nos Gonçalo Ribeiro Telles, famoso arquiteto paisagista responsável por alguns dos mais bonitos jardins do país.

Cartas da Guerra de Ivo Ferreira, com produção d’O Som e a Fúria, vem diretamente da competição internacional de Berlim e adapta a obra do escritos António Lobo Antunes composta por cartas que escreveu à mulher durante o tempo em que esteve no Ultramar, contando o que vê, o que sente e abrigando-se do pior.





A Ilha dos Ausentes
de José Vieira, e uma coprodução lusofrancesa a cargo de Kintop e Supersonic films, é um filme que traz a experiência do realizador quando emigrou, que lhe deu um outro olhar sensível,  fundindo as suas memórias à das situações dos emigrantes que regista.

O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu
de João Botelho com produção de Alexandre Oliveira, é um filme que mostra o vazio qua a morte do realizador deixou no cinema português, num documentário de amor ao realizador, mas ao mesmo tempo um documento contra o esquecimento de um dos maiores cineastas portugueses.




Os Cravos e a Rocha realizado e produzido por Luísa Sequeira, recorda a presença disjuntiva e Glauber Rocha quando a 25 de abril de 1974 se junta ao filme coletivo As Armas e o Povo.



Director’s Cut

Aqui temos filmes novos a mergulhar na memória do cinema como sua principal inspiração e matéria-prima, com documentários sobre realizadores, atores de culto e filmes experimentais a retratar o panorama visual cinematográfico. Há um filme português:

O Cinema que Vê de Beatriz Saraiva e produzido pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, é um ensaio feito de filmes dos Lumière, Verto e Varda.
 

IndieMusic

Com a música como epicentro, aqui veremos documentados ou filmes-concerto sobre bandas e artistas de todo o mundo. Portugal está representado com 2 filmes:

Tecla Tónica
realizado e produzido por Eduardo Morais, é um olhar sobre a história da música electrónica portuguesa, desde os seus primórdios na década de 1960 até ao panorama actual. Uma oportunidade para se redescobrir a alquimia da pop electrónica nacional.

A Long Way to Nowhere
de Caroline Richards, produzido por Demarz Productions, numa coprodução inglesa e portuguesa, a retratar o percurso dos The Parkinsons, uma banda portuguesa de Coimbra, quando tomaram conta da cena punk inglesa que se julgava defunta em terras de Sua Majestade.






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