DocLisboa celebra 20 anos com muitas estreias
A conferência de imprensa de apresentação do programa da 20ª edição do Festival Internacional de Cinema abriu com uma notícia triste, o falecimento Jean-Luc Godard. Lamentando esta perda para o Cinema mundial, a direção do festival garantiu que o evento será dedicado ao cineasta franco-suíço. Da programação inicial já constava o documentário "Godard Cinema", de Cyril Leuthy, que será exibido na secção "Heart Beat", onde Godard fala das suas experiências e vivências.
O documentário "Terminal Norte”, da argentina Lucrecia Martel, gravado durante a pandemia, foi escolhido para abertura do evento juntamente com um ato musical interpretado pela cantora-compositora Lula Pena.
"Terminal Norte"
Em parceria com a Cinemateca Portuguesa, foram preparadas duas retrospetivas: uma sobre Carlos Reichenbach, que reflete 5 décadas de carreira deste cineasta brasileiro do movimento Cinema Marginal. "É considerado de culto no Brasil e penso que, devidamente conhecido, pode tornar-se o mesmo em Portugal”, frisou José Manuel Costa, diretor da Cinemateca Portuguesa. Através da sua obra, que começa nos anos 60 do século passado e vai até 2007, "voltamos a uma época do cinema do Brasil, pós cinema novo”, acrescentou, mas "não é um cineasta facilmente classificável”.
A outra retrospetiva é sobre a questão colonial e está integrada na programação da Temporada Portugal França 2022. Reflete a história recente do continente africano e das antigas colónias portuguesas e francesas, estando especialmente associada ao tempo das lutas de libertação, sobretudo a partir dos anos 50. Apresenta filmes de Faria de Almeida, Ousmane Sembène, Ruy Guerra ou Jean Rouch, entre outros.
"On Africa"
Miguel Ribeiro, diretor do festival, revelou que nesta edição foi lançado um desafio a mais de 100 realizadores, que já passaram pelo Doclisboa nos últimos 20 anos, para oferecerem como presente ao Doclisboa 20 segundos com o que quisessem. Essas várias propostas vão ser lançadas numa galeria digital que será mostrada no dia 1 de outubro.
Há 44 filmes portugueses para ver neste festival. Na Competição Portuguesa estão 12: "Luana”, de Maria Simões e Tiago Melo Bento; "May the Earth Become the Sky”, de Ana Vîjdea; "A Ilha”, de Mónica de Miranda; "Vexations”, de Leonardo Mouramateus; "Terra que marca”, de Raul Domingues; "Silêncios”, César Pedro; "A Casa da Rosa”, de Rosa Coutinho Cabral; "La Visita y Un Jardín secreto”, de Irene M. Borrego; "A Morte de uma Cidade”, de João Rosas; "Ultimate Bliss”, de Miguel de Jesus; e "Olho Animal”, de Maxime Martinot.
"Vexations”
A competição internacional é também composta por uma dúzia de filmes, 5 dos quais estreias mundiais e 6 estreias internacionais. Salienta-se a presença de realizadores como: a alemã Claudia Müller, o russo Vadim Kostrov, a libanesa Rania Stephan, a bielorrussa Nikita Lavrestski ou o francês Jacques Kébadian.
"A date in Minsk"
Na secção Da Terra à Lua assinalam-se as estreias mundiais de dois filmes portugueses "Invisible Hands”, de Hugo dos Santos, sobre os refratários da guerra colonial e "Maçãs Azuis” de Ricardo Leite, um "filme-retrato sobre a enigmática Edila Gaitonde, a menina dos Açores que viveu uma viveu uma história apaixonante em terras do Oriente”, de acordo com o comunicado do Doclisboa.
"Invisible hands"
Destaca-se ainda a estreia nacional, na secção Riscos, de "Onde Fica Esta Rua? Ou Sem Antes nem Depois”, ,de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, "um filme que se lança aos espaços de "Verdes Anos” (1963), de Paulo Rocha”, segundo Miguel Ribeiro.
Na Heart Beat, a secção que cruza o cinema com as outras artes, destacam-se algumas estreias mundiais portuguesas. Uma delas é "O Que Podem as Palavras”, de Luísa Sequeira e Luísa Marinho sobre o livro banido Novas Cartas Portuguesas. Com base em imagens de arquivo e depoimentos de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, este documentário versa sobre o processo criativo e o impacto que esta obra teve nas suas vidas.
Outras estreias mundiais dentro desta secção são: "A Viagem do Rei”, de João Pedro Moreira, sobre Rui Reininho, "Margot”, de Catarina Alves Costa, sobre a etnógrafa Margot Dias e "João Ayres, Pintor Independente”, de Diogo Varela Silva.
"A viagem do rei"
Ainda nesta categoria surge "CINEKOMIX!!!”, de Edgar Pêra, que durante vários anos entrevistou alguns dos mais importantes autores mundiais de banda desenhada e as transformou numa série de 13 episódios, cada um dedicado a um artista. O Doclisboa exibirá 3 desses encontros.
Para a secção Verdes Anos, foi convidada a escola francesa Le Fresnoy que, para abertura, apresenta dois filmes: "Fiesta Forever”, de Jorge Jácome, e "A Manhã de Santo António”, de João Pedro Rodrigues.
Na sessão de encerramento, será exibido um filme que estreou mundialmente no Festival de Locarno, "Objectos de Luz”, do diretor de fotografia Acácio de Almeida e Marie Carré. Será uma sessão simultânea no Cinema Trindade, no Porto, e na Culturgest, em Lisboa.
"Objectos de Luz”
O DocLisboa vai ter sessões em várias salas, nomeadamente, Culturgest, Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, Cinema Ideal e Museu do Aljube.
Consulte o programa completo.